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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um monstro em Paris

Dia 12 de outubro, foi lançado em Paris o filme Um monstre à Paris (Um monstro em Paris), animação francesa dirigida por Bibo Bergeron (O caminho para Eldorado, O espanta-tubarões). O que chamou a minha atenção para o filme, além da dublagem de Vanessa Paradis (atriz e cantora francesa casada com Johnny Depp), foi o cartaz.





Um monstro mascarado que se comunica através de música? Em Paris? Não foi difícil lembrar de O fantasma da Ópera. Primeiro dos musicais, claro, e depois do livro de Gaston Leroux, publicado em 1910 – ano em que Um monstre à Paris se passa.

Mas é fácil dizer que as semelhanças e coincidências param por aí. Afinal, o personagem do filme de Bergeron se mostra muito mais assustado do que assustador. Já Erik, o fantasma de Leroux, é um homem que, atormentado a vida inteira por sua aparência deformada, acaba por se tornar um monstro. Claro que o comportamento dele pode ser problematizado – até que ponto alguém pode ser o que de fato é e não o que os outros acreditam que seja?


A grande adaptação moderna do livro, o musical de Andrew Lloyd Webber, reforça o fato de Erik ser violento e cruel, mas fundamentalmente apaixonado. Não diferente de outros personagens monstruosos que temos visto.


O livro de Leroux dispensa as alterações que o romance Drácula sofre com a famosa versão de Coppola: o sofrimento e a angústia de não ter o objeto amado estão no texto original dessa história e a fazem muito mais romântica do que o livro de Bram Stoker.


O trailer de Um monstre à Paris, que você pode ver aqui, está com dublagem original em francês e as legendas, infelizmente, estão em inglês. A julgar pela história recente de lançamentos em terras brasileiras, será uma vitória se o filme aparecer direto em DVD.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que há por trás da orelha de Van Gogh?

Mal digerimos a trágica perda do rei do pop Michael Jackson e já nos deparamos com outra ausência precoce. A talentosa musa do soul, Amy Winehouse, fez juz às especulações da mídia quando morreu em estilo dramático, aos 27 anos, entrando para o hall de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Kurt Cobain. Assim, manteve a tradição que resulta da união de músicos brilhantes a uma boa quantidade de drogas pesadas.

A fórmula drogas + talento artístico + autodestruição está longe de ser novidade. O pintor Vincent Van Gogh já fazia parte do clube muito antes de Amy e divide sua fama entre os quadros que pintou e o chocante fato de ter arrancado parte da orelha.

São muitas as especulações acerca do incidente. Para muitos, Van Gogh teria cortado o lóbulo esquerdo após uma violenta discussão com o amigo e também pintor Gauguin, com quem dividia a famosa Casa Amarela, da pintura homônima, na cidadezinha de Arles. Uma versão mais recente, porém, trazida à tona pelos pesquisadores Hans Kaufmann e Rita Wildegans, afirma que não foi o próprio a se mutilar mas sim seu “amigo”, Gauguin, depois que Van Gogh o ameaçou com uma navalha. O pintor, completamente fora de si, teria posto sua parte mutilada em um lenço e entregue a Rachel, uma prostituta por quem tinha afeição, recomendando: “guarde com cuidado”.

Assim como o mistério da orelha, a morte do pintor também deixou dúvidas. Diz-se que o artista teria dado um tiro no próprio peito em um dos campos de trigo que tanto gostava de pintar. O famoso suicídio, no entanto, está sendo revisto na biografia Van Gogh: The Life, publicada no dia 17 deste mês. Segundo os premiados autores do livro, sua morte teria sido causada por um tiro acidental, disparado por um adolescente de 16 anos apaixonado pelo Velho Oeste, que carregava uma espingarda quebrada. Van Gogh, em uma tentativa de proteger o rapaz, teria se arrastado depois de tomar o tiro até a pousada Ravroux e assumido a culpa pelo acidente. Será?

As polêmicas acerca da veracidade desses acidentes não atenuam em nada os fervilhantes acontecimentos da vida do pintor que, assim como seus sucessores roqueiros, abusou das drogas e mergulhou no fundo do poço. Usuário frequente do absinto, bebida de componentes alucinógenos cujo teor alcóolico alcançava os 68%, Van Gogh usou e abusou dos efeitos da droga, tornando-se ainda mais perturbado - e produtivo - ao fim de sua vida. Apesar da falta da orelha e do melhor amigo - a essa altura Gauguin já não o procurava mais - o artista produziu mais do que nunca, pintando cerca de 80 quadros em pouco mais de dois meses, cerca de um por dia. Assim como a turma de Amy, Jimi, Joplin e Cobain, Van Gogh morreu no auge mas, ao contrário dos músicos, desfrutou pouco da boa fase. Aliás, quase nada: ele só vendeu um único quadro enquanto vivo.

Auto retrato com orelha enfaixada, 1889


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ecos do rock ainda

Sou a favor do “Pop In Rio”, do “Soul in Rio” e de toda miscelânea de sons no maior festival do Brasil. Desde a sua terceira edição, em 2001, o Rock in Rio passou a gerar oportunidades para outros estilos - o dia Pop foi bastante questionado, mas gerou público e funcionou.

O caso é que, para lidar somente com o rock, o festival deveria dialogar com o gênero na atualidade. Mas onde está o bom rock atual? Eu poderia citar grandes bandas de rock surgidas nos últimos dez ou vinte anos (The National, Animal Collective, Modest Mouse), mas aposto que não dariam mais do que 20 mil pessoas por dia, sendo muito otimista. Definitivamente, o rock não morreu, mas pode estar em um momento de transformação - como sempre esteve, na real.

O festival parece insistir no gênero, mais no “sentido semântico” do que na atitude propriamente dita. Seus “dinossauros” são imagens do que já foram um dia e têm exemplo máximo no artista que encerrou o festival: Axl e seu grupo (que ele teima em chamar de Guns `n` Roses) ofereceram um show sonolento, que pouco lembrava a empolgação do hard rock da segunda edição.

Os grandes shows do Rock In Rio IV (falando só do palco mundo) foram: Motorhead, Stevie Wonder, Coldplay, Red Hot Chili Peppers, Janelle Monáe, Shakira, Ivete Sangalo, Skank, System of a Down… Beleza, de nove artistas citados cinco são de rock, sendo três de pop rock, mas as atrações estão em dias distintos, ou seja, um artista de rock convenceu em sua noite. OK, Skank e Coldplay estiveram no mesmo dia, mas ter que assistir Maná e Marron 5 é dose – por infelicidade, o último substituiu o rapper Jay-Z, que certamente faria bonito!

Os melhores dias foram aqueles com pouco rock: “o dia do soul” com o mito Stevie, a performática Janelle, o dançante Jamiroquai… ainda teve Joss Stone no Palco Sunset. Já o dia de Ivete e Shakira impôs à Cidade do Rock uma energia que poucos artistas conseguiram. Olha que o pop latino da colombiana e o axé da baiana nunca me seduziram (ao contrário das mulheres em questão), mas não há como negar que foram dois belos shows, que deixaram o rock do Lenny Kravitz como um recheio sem tempero – vide seu deslocamento.

Enquanto isso, a “imposição” do rock na programação determinou o pior dia: o encerramento do festival. Além do já criticado Axl Rose, o line up que tentou resumir o rock atual pecou gravemente contra os dogmas do estilo. Enquanto Titãs e a banda portuguesa Xutos e Pontapés brilharam com um rock`n` roll no Palco Sunset (o palco menor), Detonautas e Pitty representavam o Brasil no palco Mundo. Em seguida, ainda tivemos que assistir Evanescence, um daqueles grupos de carreira curta e recheada de hits dos tops MTVs e Multishows da vida (fora que eu não sou um entusiasta desse Metal/Rock de mulheres berrando). Sim, o show do System of a Down foi extraordinário, nunca fui fã do som dos caras, mas o reconhecimento do grande espetáculo é importante, em especial para um grupo que estava num hiato de alguns anos.

A conclusão é que há uma evidente necessidade da mistura de estilos para garantir a qualidade dos shows. Não há razão para recorrer a dinossauros que não sabem mais lidar com o público e muito menos gerar um grande show. O mesmo vale para artistas atuais, de pequeno e médio porte, que são escalados por pura teimosia (Stone Sour? Coheed and Cambria? Maná? Snow Patrol?).

Uma nota para refletir, antes de me despedir: estive na Cidade do Rock, mas não vi, porém uma amiga comentou que havia uma barraca/guichê com pré-venda para a edição de 2013! Não sei o que vocês pensam sobre isso, mas eu estou espantado com a forma com que estão trabalhando a ansiedade das pessoas nos últimos tempos.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

AlCast 004: Sci-Fi



Lunáticos, ouvintes e leitores, está no ar o quarto episódio do AlCast! Nesta semana, Raphaela Leite, Tatiana Laai, Vinicius Marins e Victor Mattina falam de ficção científica: robôs, viagem no tempo, seres alienígenas de planetas longínquos e muito mais!

Já estamos com saudade da nossa companheira e idealizadora do ALCast, Juliana Giglio, que está embarcando hoje, dia 3 de outubro, para Paris, onde vai cursar o Mestrado em História na École des Hautes Études en Sciences Sociales. Assim que estiver estabelecida, Juliana vai voltar a colaborar com o Aventura de Ler, do qual é fundadora. Boa viagem, Ju, e muito boa sorte nessa nova etapa em Paris! Bjs de todos do AL.