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terça-feira, 19 de junho de 2012

Tim Burton, nem tão estranho assim

A exposição Tim Burton é uma experiência difícil de não envolver o visitante. Tanto é assim que, logo na primeira sala, poucos são os que de fato demonstram surpresa diante de uma escultura com gengibre e olhos de plástico, feita por Tim Burton.

Desta forma, somos bem-vindos ao mundo do imaginário do cineasta na mostra originalmente organizada pelo MoMA de Nova York. A instalação temporária atualmente abrigada na cinemateca de Paris, que vai até 5 de agosto, é uma pequena pérola, que não se furta a brindar o visitante com as criaturas mais bizarras (e adoráveis) que Burton já criou, seja no papel ou no cinema.

Dentre homens com cachorros como olhos e versões primitivas do que um dia viria a ser Jack Skellington (protagonista d’O estranho mundo de Jack, de 1993), o passeio através das salas relativamente amplas da Cinemathèque é pontuado pela exibição de animações e filmes amadores do diretor, produtor, roteirista e escritor, além de trechos de seus grandes títulos: estão lá, por exemplo, cenas de A fantástica fábrica de chocolate, Sweeney Todd, Edward Mãos de Tesouras e até mesmo sua primeira direção live-action, o pouco conhecido no Brasil (e bastante estranho) Pee-Wee’s Big Adventure, de 1985.

Os títulos hollywoodianos também recebem atenção através de croquis, anotações de Burton e acessórios de cena (como uma réplica de topiaria de Edward, máscaras de Batman, as navalhas de Sweeney e alguns dos modelos de Noiva Cadáver, além de alguns dos bonecos da Fábrica de Chocolate (ligeiramente queimados e bastante perturbadores).

O último título do diretor – Sombras da Noite – também está presente, no final da seção dedicada a seus trabalhos cinematográficos: estão lá o colar do personagem de Depp e o vestido vermelho de Eva Green.

Mas o ponto alto parece ser mesmo a coleção de desenhos preliminares e artes conceituais de Burton. De rascunhos bastante crus a imagens refinadas, o visitante se torna espectador de seu processo criativo, que muitas vezes parte mais de imagens do que de textos: a veia de artista visual do diretor se faz presente através de traços e cores de seus cenários e de seus personagens.


Além disso, estão expostas algumas de suas páginas poéticas. Burton é autor de um livro de poesia infantil, chamado The melancholy death of Oyster Boy and other stories, no qual ele não deixa de lado sua marca mais característica: a mistura do macabro e do cômico.

Tim Burton faz jus ao homenageado, sem se focar em sua vida particular. O que interessa aqui é seu trabalho e sua galeria de personagens estranhos, verdadeiros outsiders que não tentam se encaixar. O que não deixa de ser um reflexo do homem por trás de tudo isso.



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