A
exposição Tim Burton
é uma experiência difícil de não envolver o visitante. Tanto é
assim que, logo na primeira sala, poucos são os que de fato
demonstram surpresa diante de uma escultura com gengibre e olhos de
plástico, feita por Tim Burton.
Desta
forma, somos bem-vindos ao mundo do imaginário do cineasta na mostra
originalmente organizada pelo MoMA de Nova York. A instalação
temporária atualmente abrigada na cinemateca de Paris, que vai até
5 de agosto, é uma pequena pérola, que não se furta a brindar o
visitante com as criaturas mais bizarras (e adoráveis) que Burton já
criou, seja no papel ou no cinema.
Dentre
homens com cachorros como olhos e versões primitivas do que um dia
viria a ser Jack Skellington (protagonista d’O
estranho mundo de Jack, de 1993), o
passeio através das salas relativamente amplas da Cinemathèque é
pontuado pela exibição de animações e filmes amadores do diretor,
produtor, roteirista e escritor, além de trechos de seus grandes
títulos: estão lá, por exemplo, cenas de A
fantástica fábrica de chocolate,
Sweeney Todd, Edward Mãos de Tesouras
e até mesmo sua primeira direção live-action,
o pouco conhecido no Brasil (e bastante estranho) Pee-Wee’s
Big Adventure, de 1985.
Os
títulos hollywoodianos também recebem atenção através de
croquis, anotações de Burton e acessórios de cena (como uma
réplica de topiaria de Edward,
máscaras de Batman,
as navalhas de Sweeney
e alguns dos modelos de Noiva Cadáver,
além de alguns dos bonecos da Fábrica
de Chocolate (ligeiramente queimados e
bastante perturbadores).
O
último título do diretor – Sombras
da Noite – também está presente, no
final da seção dedicada a seus trabalhos cinematográficos: estão
lá o colar do personagem de Depp e o vestido vermelho de Eva Green.
Mas o ponto
alto parece ser mesmo a coleção de desenhos preliminares e artes
conceituais de Burton. De rascunhos bastante crus a imagens
refinadas, o visitante se torna espectador de seu processo criativo,
que muitas vezes parte mais de imagens do que de textos: a veia de
artista visual do diretor se faz presente através de traços e cores
de seus cenários e de seus personagens.
Além
disso, estão expostas algumas de suas páginas poéticas. Burton é
autor de um livro de poesia infantil, chamado The
melancholy death of Oyster Boy and other stories,
no qual ele não deixa de lado sua marca mais característica: a
mistura do macabro e do cômico.
Tim
Burton faz jus ao homenageado, sem se
focar em sua vida particular. O que interessa aqui é seu trabalho e
sua galeria de personagens estranhos, verdadeiros outsiders
que não tentam se encaixar. O que não deixa de ser um reflexo do
homem por trás de tudo isso.
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