Andando pelas estações de metrô de Paris, passo por um cartaz do Louvre com a inconfundível faixa vermelha com letras brancas avisando: DERNIERS JOURS (últimos dias). Quando as últimas semanas de uma exposição temporária se aproximam, esses avisos se multiplicam pelos anúncios na cidade (em estações e ônibus, por exemplo), convocando os esquecidos ou os inadvertidos a aproveitar o que logo logo termina...
Confesso que tenho um prazer quase oculto e perverso de saber que pude visitar uma exposição temporária concorrida. Esse ano, foram três grandes: a Sainte Anne de da Vinci foi o tema central de uma no Louvre no primeiro semestre; a moda e o impressionismo ocuparam o Musée d'Orsay; e Rafael em seus últimos anos ocupa agora o salão de exposições temporárias do Louvre, até o início do ano que vem. Além da exposição sobre Tim Burton que foi montada na cinemateca de Paris.
Poder ver obras que geralmente ficam escondidas nos acervos técnicos ou em museus distantes é um dos pontos altos dessas exposições - exatamente como a que o d'Orsay trouxe para o Brasil, primeiro para São Paulo, depois para o Rio. Não tive a oportunidade de visitá-la, mas quem foi me garantiu que está primorosa - e ainda dá tempo de conferir (fica até dia 13 de janeiro)! O Centro Cultural do Banco do Brasil, aliás, é sempre uma boa pedida para quem gosta de exposições, e a arquitetura do prédio também vale uma visita por si só.
Poder ver obras que geralmente ficam escondidas nos acervos técnicos ou em museus distantes é um dos pontos altos dessas exposições - exatamente como a que o d'Orsay trouxe para o Brasil, primeiro para São Paulo, depois para o Rio. Não tive a oportunidade de visitá-la, mas quem foi me garantiu que está primorosa - e ainda dá tempo de conferir (fica até dia 13 de janeiro)! O Centro Cultural do Banco do Brasil, aliás, é sempre uma boa pedida para quem gosta de exposições, e a arquitetura do prédio também vale uma visita por si só.
Foto da Paula, que foi à exposição |
Meu Rodin favorito (do ano): Le Baiser, cerca de 1882, mármore Foto do site do museu Rodin |
Não quero trazer soluções - longe de mim! Estou mais para Taz, do tipo que chega como um mini-furacão e sai bagunçando tudo pelo caminho. Mas acho que vale a pena a gente pensar no que faz o CCBB receber tantos visitantes em uma exposição como a trazida pelo d'Orsay e ficar, de uma maneira geral, bem vazio em suas salas da coleção permanente ao longo do ano. Ou então por que o Museu Nacional de Belas Artes, com um acervo tão rico, parece estar fora do radar da maior parte das pessoas que andam pelo centro da cidade.
Foto de Luis Guilherme, encontrada no flickr |
A vontade de ver uma coleção de obras geralmente inacessíveis ao grande público brasileiro conta, e muito, para essa invasão de visitantes. É o impulso para presenciar o que logo logo não estará mais ali, enquanto o acervo permanente sempre dá a sensação de que podemos deixar para depois. Eu mesma me confesso culpada disso - é meu prazer secreto, lembra?
É engraçado. Falamos e repetimos que a arte (pelo menos a arte clássica, aquela do cânon) é imortal. "A arte imortaliza o artista!" "A verdadeira arte a tudo sobrevive!" E, mesmo assim, nós corremos para o museu quando a arte está anunciada como temporária e fugidia, e fazemos filas e tiramos fotos e postamos nos instagrams e twitters e facebooks sobre estar lá.
Eu disse que era culpada... |