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segunda-feira, 28 de maio de 2012

AlCast 010: Vingança



Lunáticos, ouvintes e leitores, este é o AlCast da Vingança.
Tati Laai, Mariana Negreiros, Guilherme Schneider e Cornelio conversam sobre um tema clássico que vai da Antiguidade às novelas e séries da TV.
Pedimos desculpa pelo som deficiente e prometemos melhorar nas próximas edições.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Vingança Mora Na Coréia

Quando se trata de vingança, todo mundo sabe da tal história do prato que se come frio e a maioria tem certeza absoluta que as mulheres são PhD no assunto, mas o que nem todo mundo sabe é que a vingança mora na Coréia - ao menos no cinema.

Quando a Ásia estava em crise financeira, os estúdios multinacionais que dominavam o cenário se mandaram. Foi nessa brecha que um grupo de novos diretores iniciou um processo de popularização do cinema do continente. O cinema sul-coreano teve sua retomada em meados de 1997.

Aclamado internacionalmente pela crítica, o cinema asiático é atualmente um dos que mais têm dado bons frutos, e a Coréia do Sul se destaca, sendo um dos únicos países no mundo onde as produções nacionais têm mais público do que as produções norte-americanas. Sua popularidade não se deve apenas às escolhas temáticas, mas também à forma e à estética das produções.

O cinema coreano tem algo que considero muito interessante: suas histórias juntam tudo que é elemento, drama, aventura, suspense e até mesmo uma dose de comédia, às vezes fica difícil definir um filme em apenas um gênero. Além dos roteiros excelentes e o cuidado com a fotografia, os diretores parecem não seguir as regras da indústria americana, cuidando de seus filmes de forma bastante autoral, e só temos a ganhar com tanta originalidade.

Em 2002, Park Chan-Wook lançou o primeiro filme da sua trilogia da vingança Sympathy for Mr. Vengeance, mas todos começaram a prestar atenção no diretor em 2003, com o segundo filme: Oldboy.




Devido ao seu sucesso na Europa, Oldboy foi o primeiro da trilogia a ser exibido no Brasil e se tornou cult instantaneamente. A partir daí, estava estabelecida a relação do grande público com o cinema coreano. O terceiro filme da trilogia - Lady Vingança - consolidaria a popularidade do diretor e abriria portas para outros cineastas daquele país.

Recorrente na Coréia, outros diretores se dedicaram ao tema da vingança: Kim Jee- Woon dirigiu A Bitter Sweetlife (aqui, lançado em DVD como Gosto de Vingança) e mais recentemente o ótimo I Saw the Devil (infelizmente ainda não lançado no Brasil). Hong Jin-na lançou há pouco Yellow Sea.



A vingança tem gerado boas histórias e é muito abordada no cinema mundial. Diretores como Sérgio Leone e Sam Peckinpah dirigiram tratados sobre o assunto e até François Truffaut, conhecido por sua delicadeza, fez o seu: A Noiva Estava de Preto.


Foi graças a Truffaut que Tarantino nos presenteou com um dos mais icônicos personagens do cinema atual: A Noiva, interpretada por Uma Thurman em Kill Bill, Vol.1 e 2. Se Jeanne Moreau não tivesse interpretado Julie Kohler, a noiva sedenta por vingança no filme de Truffaut (veja a foto dela na home do site Aventura de Ler), provavelmente a personagem de Tarantino não existiria. Muito antes, Julie Kohler abandonou sua cidade para se vingar dos cinco homens que julgou culpados pela morte de seu noivo no dia de seu casamento.

Beatrix Kiddo, A Noiva de Tarantino, vai até o oriente para se preparar para a sua esperada vingança, mais uma vez comprovando que quando são brutalizadas e ultrajadas, as mulheres andam de mãos dadas com o tema e dão sempre grandes protagonistas. A história de Tarantino não economiza nas referências ao cinema western e asiático e, fã assumido do cinema do oriente, faz a sua homenagem quadro a quadro. Seja na escolha de atores asiáticos, como Gordon Liu, que faz o papel de Pai Mei, e de Sonny Chiba, como Hatori Hanzo, ou da atriz japonesa Chiaki Kuriyama, que usa a mesma roupa do filme em que ficou conhecida, Battle Royale (outro ícone).

A sequência de luta da Noiva contra os crazy 88`s, em contraluz, pode muito bem ser entendida como uma homenagem a Samurai Fiction. Tarantino usa as referências, mas sempre faz um filme seu, nunca é um plágio. Ele entende o cinema de gênero e dá aula no assunto.


Se a história de Tarantino confirma as duas máximas famosas (mulheres e comida fria), na Coréia a vingança é dos homens e eles preferem comer o prato quente e com muito sangue. Basta lembrar de Oldboy: o personagem Oh Dae-su é seqüestrado e confinado numa prisão domiciliar por 15 anos, aparentemente sem explicação alguma. Depois de liberto, ele vai dedicar seus dias a descobrir quem foi o responsável e por qual motivo. O personagem terá sua vingança a qualquer preço, mesmo que tenha que passar por cima de todos e arrancar alguns dentes de seus oponentes.