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sábado, 30 de março de 2013

Diana Vreeland- A Imperatriz da Moda

Diana Dalziel nasceu em Paris em 1903. Em 1924, se casou com o banqueiro Thomas Vreeland, mudando logo depois da lua de mel para Nova York e, em seguida, para  Londres, onde conheceu seu amigo de toda a vida,  o fotógrafo Cecil Beaton.

Em 1935, voltou para Nova York com a família e não demorou muito a começar sua carreira no mundo da moda.  No ano seguinte,  o editor chefe da revista 
Harper´s Bazaar, impressionado com o estilo de Diana, lhe ofereceu uma coluna.   Até a sua demissão da revista, a coluna Why Don´t you?" dava dicas e sugestões de comportamento e estilo, inspirando seus leitores com sua percepção de mundo, até mesmo aqueles que não tinham dinheiro para comprar roupas. 

Na Harper's Bazaar por quase 30 anos, Diana sempre fugiu das convenções, procurava o diferente, o imperfeito, o misterioso.  Descobriu belezas como a da atriz Lauren Bacall, a modelo Twiggy e a alemã Verushka.  Dava declarações polêmicas,  como "o biquini é a coisa mais importante desde a bomba atômica" e já percebia que o mundo seria globalizado.


Como editora de moda, pensou fora da caixa e criou o conceito de editoriais de moda como conhecemos hoje: a idéia de contar uma história através da roupas, viajar para outros países e retratar diferentes culturas foi apenas um dos legados de Vreeland. Ela acreditava que viagens eram necessárias para o aprendizado e ampliação do olhar.


Ia sempre à Paris comprar roupas, principalmente Chanel, que considerava a essência da elegância feminina. Entendia a importância da indumentária em diferentes ocasiões e do impacto que as roupas causavam aos olhos dos que observavam a transformação do mundo.  Durante toda a campanha de John Kennedy à presidência dos EUA, foi ela quem aconselhou Jackie que, graças às suas dicas, tornou-se o ícone de estilo reconhecido até hoje. Madame Vreeland estava anos luz à frente de seu tempo.


Sem possuir formação "formal", dizia para quem quisesse ouvir que possuía o que considerava a melhor das escolas - milhas viajadas, literatura e curiosidade. Apesar de seu sucesso à frente da Harper´s Bazaar, ela ganhava muito pouco, até que se tornou editora chefe da Vogue, em 1962.


Vreeland amava os anos 60 e abraçou a contracultura americana que começava a aparecer. Eram anos que celebravam as diferenças e Diane acreditava que isso era maravilhoso.  A Imperatriz da moda reinou  por quase nove anos na revista e transformou o universo da moda, criou gírias e ficou famosa por suas frases e humor ferino. Com certeza, nos dias de hoje ela, seria um sucesso no twitter e a teria o maior número de seguidores no Instagram.


Depois de revolucionar as páginas da Vogue e também deixar a revista com algumas dívidas devido aos seus ensaios super conceituais, foi convidada para ser consultora do Instituto de Moda do MET, o Metropolitan Museum of Art de Nova York.  Outra revolução estava por vir.


Seu conhecimento e teatralidade mudaram mais uma vez o universo da moda.  Tudo que conhecemos de exposições de moda começou lá nos anos 70, com Diana Vreeland. Suas mostras trouxeram milhares de pessoas ao museu, que até então ficava às moscas.  Desde então, outras instituições começaram a reconhecer a moda como arte.


Fica difícil dizer o que se passava na cabeça da imperatriz na moda, numa época onde não existia internet, nem o mercado lotado de jovens querendo trabalhar com moda. O instinto para o novo e o moderno não é algo que se aprende, mas que pode ser cultivado, se bem orientado por quem nasce com esse dom.  Diana Vreeland foi uma dessas pessoas.


Madame Vreeland vem sendo celebrada nos últimos anos.  Em 2012, os diretores Bent- Jorgen Perlmutt e Lisa Immordino Vreeland (sim, a moça é esposa do neto de Diane) fizeram um documentário ainda sem data de lançamento no Brasil, chamado “Diana Vreeland: The Eye Has To Travel”. O documentário tem entrevistas com familiares, estilistas, fotógrafos e modelos. O resultado é um belo olhar na vida dessa excêntrica mulher que insistiu até o fim de sua vida que a imperfeição era a parte mais interessante da beleza.







Madame Vreeland era muito conhecida por suas frases, deixo aqui uma seleção pessoal de suas citações.


1- Onde estaria a moda sem a literatura?


2- Estilo -  todos que têm compartilham uma coisa: originalidade

3- Você tem que ter estilo. Ele ajuda você a descer as escadas; ajuda você a se levantar de manhã; é um modo de vida - sem ele, você não é ninguém. Não estou falando sobre um monte de roupas.

5- A  única elegância real está na mente, se você tem isso, o resto realmente vem disso.

6- Não se trata do vestido que você usa, mas da vida que leva no vestido.

7- Você não tem que nascer bonita para ser selvagemente atraente.

8- Há apenas uma vida muito boa e essa é a vida que você sabe que quer e que faz por si mesma.

9 -Não olhe para trás.  Apenas vá em frente.  Dê idéias.  Sob cada ideia há uma nova ideia esperando para nascer. 

domingo, 17 de março de 2013

Mais um pouco de Pop



por Thiago Ortman

Encerro o texto que está na seção lançamentos do site, sobre o novo álbum do Justin Timberlake, com uma provocação.  O lançamento me fez pensar quem são os artistas mais interessantes do pop na atualidade. Pra mim, fica claro que não haverá alguém como Michael Jackson.  Ao mesmo tempo, artistas dos anos 80 (fase áurea da música pop) já não conseguem a mesma repercussão musical: Prince se tornou anacrônico e Madonna, apesar de tentar acompanhar os tempos, parece ter perdido o fôlego no caminho – para ficar somente em dois ícones daquela década.

O já citado Timberlake não me parecia tão interessante em suas duas primeiras obras, mas The 20/20 Experience é um álbum que o coloca em definitivo entre os artistas que merecem a devida atenção no Pop. Porém, pensando estritamente na sonoridade e evolução musical, existem pelo menos três artistas mais talentosos que o ex-cantor de boy band.

A primeira a ser comentada, é a jovem Janelle Monáe. Embora ela tenha lançado apenas um álbum (The ArchAndroid, de 2010), digamos que ela mereceu o destaque de quem vos escreve. Até por ser a única artista (entre os que vou citar) de quem assisti a um show. Após perder, por um estúpido atraso, a abertura que ela fez no péssimo show da Amy Winehouse, no início de 2011, consegui me redimir no mesmo ano, no Rock in Rio 4!  Na “noite soul” do festival, Janelle fez um show vibrante, extremamente performático e sem firulas; ainda retornou ao palco junto com o headliner Stevie Wonder – este é rei absoluto, acima de estilos musicais. A ex-backing vocal do Outkast produziu um álbum que pode ser considerado como uma experiência musical em que se aproxima de seus grandes ídolos (Stevie, Grace Jones, Lauryn Hill). Em alguns momentos as referências são evidentes, mas nada soa como uma réplica.



Em alguns shows de 2012, Janelle apresentou duas novas canções (Electric Lady e  Dorothy Dandridge Eyes), mas ainda não há notícia sobre um novo álbum. Independente disso, já é possível considerá-la um dos maiores expoentes da música negra pop na atualidade.



A segunda a ser citada é M.I.A.. Além da fortíssima influência da electropop, a cantora britânica investiu em pesquisar a música popular de países como o Brasil e Índia (país próximo do Sri Lanka, de onde vieram seus pais). Em seus três álbum, M.I.A. definiu um estilo único de Electropop, calcado nas influências do funk carioca e da world music (me perdoem a ignorância de não saber especificar o “estilo” de música indiana que a cantora tem como referência). Muito da potência do pop de M.I.A. está expresso no teor político de suas músicas e atos. Para ficar no âmbito das fofocas da música pop, em 2010 a cantora entrou numa polêmica com Lady Gaga, ao dizer que a artista pop além de copiá-la musicalmente, era o último suspiro da industria fonográfica: "Lady Gaga tem um bom time por trás, mas ela é o último suspiro da indústria em tentar ser necessária. A respeito, pois mantém milhares de pessoas trabalhando, mas eu acredito no 'faça-você-mesma". Mas os tempos são outros e a paz parece ter sido refeita após Lady Gaga ter visitado Julian Assange (fundador do WikiLeaks) em seu exílio na embaixada do Equador, a convite de M.I.A.



Voltando à música, ao contrário de Janelle, o novo álbum da cantora britânica, Matangi, está próximo de sair: o lançamento está previsto para o início de abril.

E não podemos esquecer de Kanye West. O rapper é, para mim, o maior artista pop da atualidade. Evidentemente haverá controvérsias.  Porém, em quase 10 anos e 5 álbuns, o cantor provou uma versatilidade e capacidade de experimentar e criar samples sem igual. Além disso, seus projetos ambiciosos, apesar de não terem tanta repercussão no Brasil, merecem ser comentados. Um exemplo é o filme/opera de seu último álbum, My Beautiful Dark Twisted Fantasy (2010), escrito, dirigido e atuado pelo próprio.

No mais, o polivalente rapper ainda é conhecido por ter produzido uma série de músicas do pessoal top do rap: Nas, Talib Kweli, Mos Def, até mesmo Jay-Z, todos em algum momento tiveram canções produzidas por Kanye. Mesmo em sua obra irregular, o álbum 808s & Heartbreak (2008) vale ser ouvido.  Afinal, não é todo dia que alguém mistura synchpop (tão reconhecido nos anos 80) com rap, é uma experimentação no mínimo válida. Mas fica como sugestão o seu último álbum: My Beautiful Dark Twisted Fantasy é daqueles trabalhos que ultrapassa a fronteira de estilo musical.